Nas diversas obras de William Shakespeare
(1564-1616) suas protagonistas são causadoras e vítimas de constantes tragédias
onde a disputa pelo poder é o conflito principal. No período em que essas obras
foram escritas, o desvalor social e cultural da mulher era constante, inclusive
na forma de representação teatral onde os personagens femininos eram
interpretados por homens. A mulher era motivo de risos estando sempre
relacionada à fragilidade.Dessa forma, podemos observar movimentos e
características psicológicas das personagens: Julieta “Romeu e Julieta”, Ofélia
“Hamlet”, Desdêmona “Otelo” e Lady Macbeth “Macbeth”, numa estética moderna e
crítica onde "Julietas não morrem mais por amor", "Ofélias com
seus encantos afogam seus cantos" e "Desdêmonas vítimas sufocam
amores ciumentos".
O espetáculo “As Mulheres de Shakespeare” é uma
peça de dança-teatro que caminha sobre dualidades humanas em territórios
compostos por essências hibridamente expostas numa dramaturgia corporalmente
construída a partir de pesquisas sobre as personagens Desdêmona, Lady Macbeth e
Ofélia das tragédias Otelo, Macbeth, Hamlet, escritas pelo dramaturgo inglês
William Shakespeare.
O Núcleo Atmosfera traça novos olhares sobre a
dramaturgia do corpo, partindo de releituras das tragédias Otelo - O Mouro de
Veneza, Macbeth e Hamlet, do dramaturgo inglês William Shakespeare, propondo um
recorte específico sobre suas protagonistas. De acordo com o professor Leônidas
Portella, por se tratar de uma obra de arte contemporânea, o olhar é sempre
voltado para a dramaturgia. “Não costumamos limitar os olhares do público
afirmando o significado de cada símbolo em cena, acreditamos que cada
espectador conquista o seu próprio olhar no decorrer da apreciação do
espetáculo”, explica.
As intérpretes – que neste caso são também
criadoras - vestidas de vermelho num palco harmoniosamente florido revelam suas
particularidades expressivas de forma orgânica,abstrata e social.O vermelho
está presente em todos os momentos da vida e também na morte, seja triste ou
alegre - no parto, no ciclo menstrual, na sensualidade, no prazer, no amar, nos
desejos. O vermelho representa aí algo que quer sair, algo forte, verdadeiro,
quer gritar os desejos mais profundos. Portanto podemos observar em cada cena
sensações expostas por essas mulheres vermelhas, sensações inteiramente únicas
e puras, fortes e fracas, românticas e submissas. Sim! Muito sábias ao serem submissas
"a submissão é uma atitude mútua,
independente daquele que julga ter mais autoridade se comparado ao outro. Ela
significa limitar-se voluntariamente ao outro sem contrariar a nossa
consciência ou nos obrigar a fazer algo condenável ou à força".
http://www.youtube.com/watch?v=sMTexF0VkIE
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