“O tempo parece passar. O
mundo acontece, desenrolando-se em momentos, e você pára e olha de relance para
uma aranha comprimida contra a teia. Há uma nitidez de luz e a sensação de que
as coisas estão precisamente delimitadas e listras reluzentes na superfície da
baía. Você sabe melhor quem você é num dia de luz forte depois de uma
tempestade, em que a mais miúda folha que cai é transfixada pela
autoconsciência. O vento arranca um som dos pinheiros e o mundo se faz,
irreversivelmente, e a aranha paira na teia balançada pelo vento”.
A primeira cena pega o
leitor rápido. São poucos eventos no dia do casal. Ele e ela se esbarrando na
cozinha, o jeito que eles convivem, uma descrição fragmentada de um dia típico
na vida.
No segundo capítulo, ele já morreu. E começa
uma insólita história de como ela, a viúva, encontra uma figura meio humana,
meio não, meio inteligente, meio não, que a visita naquele casarão em que ela
fica agora, sozinha.
A ideia do livro parece ser a de causar
estranhamento. Como num sonho. Como numa metáfora surreal.
“Uma artista que mescla teatro e mímica e toma o corpo como
estátua plástica e viva, último reduto de sua alma fragilizada por um luto
recente. Lauren, depois da morte do marido, se fecha para o mundo na praia
despovoada onde viviam, no casarão alugado de muitos quartos vazios. Ali ela
encontra um homem de origem e idade indefinidas, de existência quase irreal, um
ser masculino que parece conhecê-la desde sempre. É capaz de imitá-la, e a seu
companheiro morto, com perfeição sobrenatural. Na companhia do intruso, Lauren
Hartke, a artista do corpo, testa os mistérios da percepção humana e os limites
do tempo, "a força que nos diz quem somos".
Na contracorrente de suas obras anteriores, inventários selvagens e algo surreais da vida americana (o monumentalSubmundo, por exemplo) DeLillo oferece-nos uma narrativa curta e delicada - embora de leitura igualmente desestabilizadora”.
Na contracorrente de suas obras anteriores, inventários selvagens e algo surreais da vida americana (o monumentalSubmundo, por exemplo) DeLillo oferece-nos uma narrativa curta e delicada - embora de leitura igualmente desestabilizadora”.
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